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quinta-feira, 28 de março de 2013

"DEUS NÃO MORREU. ELE TORNOU-SE DINHEIRO"

"O capitalismo é uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto é o dinheiro", afirma Giorgio Agamben, em entrevista concedida a Peppe Salvà e publicada por Ragusa News, em 16 de agosto de 2012.
Giorgio Agamben é um dos maiores filósofos vivos. Amigo de Pasolini e de Heidegger, Giorgio Agamben foi definido pelo Times e por Le Monde como uma das dez mais importantes cabeças pensantes do mundo. Pelo segundo ano consecutivo ele transcorreu um longo período de férias em Scicli, na Sicília, Itália, onde concedeu a entrevista.
Segundo ele, "a nova ordem do poder mundial funda-se sobre um modelo de governamentalidade que se define como democrática, mas que nada tem a ver com o que este termo significava em Atenas". Assim, "a tarefa que nos espera consiste em pensar integralmente, de cabo a cabo,  aquilo que até agora havíamos definido com a expressão, de resto pouco clara em si mesma, “vida política”, afirma Agamben.
A tradução é de Selvino  J. Assmann, professor de Filosofia do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.
 

quarta-feira, 27 de março de 2013

terça-feira, 26 de março de 2013

SOCORRO SOU UM JORNALISTA

Por André Fortunato

 
Ser um jornalista, escolher essa profissão glamourosa e perigosa é fácil, principalmente porque muitos pensam que essa graduação, se resume em ir a faculdade e falar em frente a câmera. Será que é só isso a preparação profissional desse formador de opinião?
... Em qualquer curso ninguém entra sabendo, ou seja falta humildade de muitos universitários para entender que, a faculdade é para aprender, e o perfil e postura profissional, começa ali dentro de uma sala de aula, trabalhando em equipe.
Cada pessoa em si tem sua opinião e perfil, no qual segmentam-se de acordo com suas características. Mas defender a sua profissão, é algo que deve ser homogêneo tanto dos profissionais quanto de estudantes, pois essa conscientização começa a partir do momento em que se escolhe ser um jornalista.
Por isso futuros profissionais da comunicação, devem sair do quadro de espectadores e tomar posição de agentes fiscalizadores da sociedade, lutando não só pelos seus direitos profissionais, como dos interesses sociais.                 

                                  
ANDRÉ FORTUNATO é estudante de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo e cursa o 5º termo. Também é um colaborador do nosso Blog.

quarta-feira, 20 de março de 2013

ECCE FRANCISCUS

 
 
Por Alexandre Garcia

Li que Jorge Mário Bergoglio nunca teve celular nem jamais mexeu em computador. E, no entanto, chegou a Papa, o mais universal dos poderes. Fico a perguntar aos viciados em celular e computador, se esses dois aparelhinhos seriam tão essenciais para a vida. Eu tinha algo em comum com o cardeal Bergoglio: ele não frequentava as chamadas redes sociais. Não tenho tempo para facebook nem twitter. Mas o Vaticano acaba de convencê-lo a postar uma mensagem no twitter do site da Igreja. A mensagem pede orações por ele, Papa Francisco.
Em 1958, quando eu era noticiarista de rádio, acompanhei a morte de Pio XII e a eleição de João XXIII. Depois acompanhei a chegada de Paulo VI, João Paulo, João Paulo II, Bento XVI. Mas nunca me entusiasmei tanto com um Papa como agora. Francisco é simpatia à primeira vista. E seus atos, passados e presentes, justificam esse amor à primeira vista. Em poucos dias, conquistou o mundo - e não apenas os católicos. Aliás, ele foi o cardeal argentino que mais próximo esteve de judeus e muçulmanos. Simples, espontâneo, ao visitar as paróquias, chegava sozinho.
Há quem o calunie. Afinal, ninguém é argentino impunemente. Um ex-montonero (um grupo guerrilheiro peronista-marxista) e partidário de Cristina Kirchner, escreveu que ele colaborou com a ditadura militar argentina. Para derrubar a calúnia basta conferir o calendário feito por outro papa, Gregório: o último governo militar argentino começou em 1976, quando Bergoglio era um padreco que havia feito os votos três anos antes. E só foi feito bispo - e auxiliar - 10 anos depois de ter acabado o governo militar. E ainda assim, suponhamos que o padreco estivesse acompanhando os acontecimentos políticos. Entre o General Videla, carola que comungava, com sua mulher, todos os dias, e a guerrilha marxista que queria impor uma ditadura ateia, de que lado ficaria um padre católico se tivesse que tomar partido?
Da mesma forma alguns alegam que ele é conservador porque é contra o casamento entre homossexuais e contra o aborto. Queriam que ele fosse contra a doutrina da própria Igreja? Ele nunca rejeitou a “união civil”, nem negou comunhão a divorciados. Outros, ingênuos, alegam que ele é maravilhoso porque anda de ônibus, arruma a própria mala e paga a conta do hotel, faz seus próprios telefonemas e não usa crucifixo de ouro. Não, ele é diferente porque prega tolerância zero para os pedófilos, porque diz que padres e bispos tem que sujar os pés no barro; falou em igreja pobre - e a gente se escandaliza com as riquezas do Vaticano. A propósito, leio em livro de Bergoglio a mesma pregação de meu amigo Frei Vicente, um franciscano: “Se Deus, na Criação, correu o risco de nos tornar livres, quem sou eu para me meter (na vida das pessoas)?”
Na América Latina estão mais de 40% dos católicos do mundo. E também é onde estão os demagogos, governos populistas, igrejas que se aproveitam da pobreza e da ignorância. Francisco é o homem certo que a sabedoria dos cardeais elegeu para apagar essa maldição do continente. Quando o governador romano Pôncio Pilatos entregou Jesus à multidão hostil para crucificá-lo, pronunciou em latim: Ecce hommo (eis o homem!). Foi o que quis dizer a fumaça branca: Ecce Franciscus! Eis Francisco, para salvar a Igreja.
 
Boato sobre demissão de Alexandre Garcia se espalha na web - Reprodução ALEXANDRE GARCIA é jornalista pela Rede Globo de Televisão.

quinta-feira, 14 de março de 2013

DEUS ESTÁ MORTO !

 
QUAL DEUS ESTÁ MORTO?
Por Alfredo Carneiro
 
Uma das frases mais controversas de Nietzsche é  ”Deus está morto”, no entanto, ela não corresponde a um ataque ao Deus cristão, como pensa a grande maioria das pessoas. De fato, Nietzsche fez severas críticas ao cristianismo em suas obras, contudo, esta frase é na verdade um ataque à era moderna.
Se na época medieval a questão de Deus era o ponto central, na era moderna ocorre uma transição, uma passagem da visão cristã de Deus para uma nova percepção do mundo e do homem, não mais como um ser criado por Deus, mas um ser dono de si que a tudo investiga com a razão e a experimentação. O Renascimento, que definiu o início da modernidade, foi marcado pelo uso da razão, pela negação da visão medieval e pelo surgimento de um novo Deus: a ciência. A modernidade conseguiu dessacralizar o mundo e não deu ao homem nada em troca, a não ser a crueza de uma vida sem encantos.  O que morreu na modernidade foi a dimensão mítica e divina que sempre acompanhou todas as grandes culturas. Na era moderna essa dimensão se esvaiu em nossas investigações filosóficas e científicas.
Para Nietzsche a era moderna criou uma expectativa desmedida e ingênua, baseada na razão e na ciência, que tirou do homem sua profundidade, legando apenas um conjunto de objetivos mesquinhos e fúteis. “Deus está morto” é também um ataque à própria filosofia de seu tempo, influenciada por Descartes, pai da filosofia moderna que colocou o homem (o “eu”) no centro da investigação filosófica e definiu a natureza como um mecanismo sem mistérios. Nietzsche afirma então que o homem moderno não sabe mais para o que se voltar. A modernidade falhou em dar um significado à vida e  nossa dimensão divina morreu com nossas falsas expectativas, com nossa “busca pela verdade”. A modernidade matou nossa dimensão divina e nos tornou seres pequenos,  egoístas, covardes e assustados. Nesta perspectiva, Deus está morto.

terça-feira, 5 de março de 2013

CRÍTICA GASTRONÔMICA

Aos alunos do curso de Comunicação Social, segue um texto de Carlos Alberto Doria sobre o papel do crítico de gastronomia. Também segue alguns links de textos sobre o assunto. Vamos nos preparando para o dia em que sairemos à campo.
Abraço a todos e Bon Apetit !!!

O PAPEL DA CRÍTICA GASTRONÔMICA
Por Carlos Alberto Doria (do Blog E-Boca Livre)

É curioso o papel da crítica gastronômica. O que esperamos dela? Sabemos o que esperar da crítica literária, da crítica musical, mas será que sabemos o que esperar da crítica gastronômica?
As críticas literária e musical, assim como de artes plásticas, possuem suas próprias teorias, de sorte que também podemos julgar o crítico em função das referências teóricas e conceituais que o movem. E o crítico gastronômico, qual sua teoria? Qual a sua metodologia?Como a gastronomia não é uma forma canônica de arte – e há quem diga que se trata de uma não-arte, pois não tem um objeto próprio – muitas vezes nos contentamos com a sua crítica mais elementar: o analista nos diz, diante de um prato, “gosto” ou “não gosto”.
Mas por que vou abrir mão da minha subjetividade em favor da subjetividade de um terceiro? Muitas vezes por preguiça. Não quero perder meu tempo arriscando e elejo um bode expiatório para experimentar o que eu virtualmente desejaria. Esse crítico é uma espécie de comissão de frente do meu desejo.
Mas há o crítico da cultura alimentar ou gastronômica. Esse é mais raro e o que ele nos fornece são coordenadas para nos movermos livremente entre os desafios de um mundo empírico, concreto, que é bem maior do que as experiências que pessoalmente podemos acumular. Dentro desse tipo de crítico, Manuel Vázquez Montalbán (1939-2003) foi um expoente e figura quase única.
Esse prolífico escritor catalão, de posições políticas inequívocas – em sua obra brilha o comunista militante, que sempre usava sua verve em favor da democracia e contra o franquismo – criou para si um vasto campo de cultura gastronômica onde, como autoridade, pontificava com a admiração de todos.
Quando morreu, Ferran Adrià escreveu em seu elogio fúnebre: “ Montalbán é importante porque foi a pessoa que tornou possível que a cozinha tradicional e a contemporânea convivessem sem problemas neste país. Foi autor de livros importantes sobre cozinha tradicional, mas era também um amante da cozinha de vanguarda e nunca se referiu a elas como se fossem mundos contrapostos {...}. Sobre El Bulli, Vázquez Montalbán foi a primeira pessoa que falou do que estávamos fazendo qualificando-o de “cozinha de investigação”. O disse há oito ou dez anos, quando as pessoas ainda não sabiam como qualificar o que fazíamos no restaurante. Era admirável, já que não só em cozinha, mas em tudo, tinha uma grande capacidade de análise e de antecipar-se ao futuro”.
Capacidade de antecipação. Talvez esta seja a chave da critica gastronômica. Nesse sentido, Montalbán é o fundador da moderna disciplina da crítica gastronômica, isto é, alguém que estabeleceu a sua “teoria analítica” mais do que exerceu a crítica de restaurantes propriamente dita.
Outra figura de destaque da crítica é Rafael Garcia Santos, embora este se concentre mais na crítica de restaurantes. Ele não é exatamente querido, como Montalbán. Talvez seja mais odiado do que qualquer outra coisa. Seu método partisan consiste em separar o joio do trigo: quem não faz a moderna cozinha espanhola simplesmente não presta! Ele segue uma espécie de decálogo da cozinha moderna, que ele mesmo sintetizou. Como, decadas antes, Gault-Millau havia feito para a nouvelle cuisine. Apesar disso, é inegável que Garcia Santos funcionou como parteiro de um novo ambiente gastronômico na Espanha.
E entre nós? Quais são os passos para se superar o primeiro momento da consciência gastronômica, o jogo maniqueísta do “gosto-não gosto”? É claro que sou grato àqueles que me desviam de experiências que não seriam gratificantes. Mas isso é tudo o que, entre nós, a crítica pode dar? É uma questão a pensar. 
 

Acesse também:
Ricardo Castilho, diretor revista Prazeres da Mesa: não publicar já é uma crítica
Suzana Barelli, diretora de redação da revista Menu: crítico trabalha anônimo
Arnaldo Lorençato, editor de gastronomia de VEJA SÃO PAULO: uma ou duas visitas
O que não fazer numa resenha - dicas
A vida dos críticos de culinária

segunda-feira, 4 de março de 2013

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