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domingo, 27 de março de 2016

ATEU, AGNÓSTICO, FILÓSOFO, CRENTES...


Por Julio César Gonçalves
Estamos (nós cristãos) ainda vivenciando a celebração da Páscoa. A festa maior para o catolicismo. Entretanto, para provocar uma reflexão (e não polêmicas - uma vez que polêmica não tem lugar na filosofia, senão o diálogo e o debate), resolvi postar um vídeo que está circulando pelas redes sociais. O que será que aconteceria se juntássemos num mesmo lugar um filósofo, um ateu, um pastor protestante, um agnóstico e um católico, para discutirem sobre fé e religião?
Muitos entre nós aderem à ideia de que RELIGIÃO, futebol e política não se discutem... Seria talvez por medo de descobrir algo de suas convicções que não faz sentido? Ou por medo de se deparar com uma realidade dura e cruel? Ou ainda por medo de enfrentar suas próprias sombras do passado?
Acontece que o Prof. e Filósofo Luiz Pondé neste vídeo, faz exatamente isso.
Vamos ver o resultado?





segunda-feira, 21 de março de 2016

NASCEMOS DUAS VEZES



Por Julio César Gonçalves

Aristóteles afirmou certa vez: "O homem é um animal político", um animal social. Evidentemente que ele se referia à natureza coletiva dos seres humanos.
Nós não nascemos para viver isolados, não somos ilhas. Somos arquipélagos.
Desde os primórdios da vida humana o homem se organizou em agrupamentos, mais ou menos vinculados afetivamente. Uma das primeiras formas de associação foi o clã. A primeira família. Aliás, é na família que se busca os elementos-chave para a compreensão da sociedade: as relações interpessoais, o sentimento de pertença, objetivos focados e comuns, dependência mútua compartilhada etc. Depois vieram as tribos, as aldeias (ou genos) e só depois as sociedades complexas.
Ora, nascemos, vivemos e morreremos sempre aptos a CONVIVER, a estar em comunidade, e, conviver é diferente de viver  - não apenas por uma questão de conceito e etimologia -, mas porque estão ligadas à coisas distintas.
Quem vive? Ora, nós vivemos. Nós quem? Nós seres humanos. Mas somente seres humanos vivem? Não... Todo ser vivo vive. Parece óbvia tal resposta.
O que caracteriza a vida em um ser vivo são o conjunto de atributos biológicos presentes em sua constituição. Respirar, movimentar-se, desenvolver-se, reproduzir, envelhecer, morrer. Sob estes aspectos (biológicos), somos tão vivos quanto uma bactéria. Entretanto, quando falamos de convivência, falamos de atributos tipicamente humanos. A própria acepção da palavra já deduz: CONVIVER = VIVER COM o outro. Conviver é ensinar e aprender, é ajudar e ser ajudado, é se tornar melhor com outras experiências compartilhadas. Conviver é ser melhor a cada dia. Nisso nos diferenciamos dos outros seres vivos, porque não são aspectos apenas biológicos de que somos feitos, mas também sociais. 
Então quer dizer que os animais não convivem entre si? Do ponto de vista sociológico não. Essa é uma realidade tipicamente humana. Os animais podem viver em bandos e expressar certas reações muito semelhantes às que apresentamos na convivência diária, entretanto, eles não têm algo que é extremamente importante para caracterizar a convivência: a consciência. Outros seres vivos não agem movidos pela decisão livre e consciente. Agem por impulso, por instintivo. Os animais e plantas se alimentam pelo instinto da fome, por exemplo, nós, além dos instintos, nos alimentamos por outras motivações (ansiedade, gula, para não fazer "disfeita"). Os animais se relacionam sexualmente e se reproduzem para manter a espécie, nós, além deste motivo, nos relacionamos por carências, por prazer, por vingança, por amor. Fazemos controle de natalidade, criamos métodos contraceptivos, abortamos.
Portanto, é-nos evidente que temos duas naturezas. Podemos dizer até que sofremos dois partos: um natural e, portanto, biológico; e, outro social, porque nascemos para a cultura, para os costumes, para o mundo que nos rodeia.

terça-feira, 8 de março de 2016

SENTIDOS

"Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro", diz a sabedoria popular. Eu posso dizer que tenho alguns tesouros que estão espalhados por esse mundão de meu Deus (nem sempre a vida nos faz ficar perto daqueles que amamos). Hoje, mexendo nos meus arquivos publicados, me deparei com um poema filosófico escrito pelo meu amigo  e filósofo Alessandro (o San) e que publiquei no blog em 2010. Bateu a saudade... Então resolvi republicá-lo. E viva a amizade! 

Por Alessandro Pascoal de Brito



Escondeu a sua perfeição em formas tão simples, desprovida de qualquer cuidado e atenção. Não que não mereçam maior atenção, mas por sua simplicidade e fragilidade quase não são notadas. Os olhos se encantam mais com o extraordinário, com o espetáculo e com o brilho. Aos poucos os sentidos nos educam, na busca do bem e do belo. Eles foram atrofiando-se na nossa dura sensação de certeza. A certeza e a dúvida são sentimentos que dão aos sentidos movimento de segurança e insegurança, passos firmes e pernas bambas. O que resta, então, senão bradar a todos: "Ouçam, vocês estão voltando a vossa atenção ao que passa e deixando o que não passa! Cuidado! Um pouco mais de Atenção! A vida precisa de vocês, vocês que estão perdendo o sentido dos seus sentidos!


ALESSANDRO PASCOAL DE BRITO é filósofo e professor de Filosofia e colaborou com esta postagem em nosso blog.

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